"Irashaimasse"
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CIVILIZAÇÃO JAPONESA
Período de Taisho (1912 a 1926)
Período de Edo (1615 a 1868)
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CIVILIZAÇÃO JAPONESA
Duas crônicas semi-míticas, o Kojiki (Registros de assuntos antigos) e o Nihon shoki ou Nihongi (Crônicas do Japão), o primeiro compilado em 712 d.C. e o segundo em 720 d.C., são os registros mais antigos da história japonesa, juntamente com os relatos chineses. Essas crônicas falam dos sucessos ocorridos entre os séculos VII a.C. e VII d.C. e são as principais fontes da história antiga do Japão.
Os primeiros colonos do arquipélago japonês provavelmente procediam da zona oriental da Sibéria durante o neollítico, por volta do ano 3000 a.C., mas a evidência lingüística sugere também a presença de alguns colonizadores das ilhas polinésias. Também é possível que os ainos tenham chegado ao arquipélago durante essa primeira fase, mas nos primeiros tempos predominavam os protojaponeses de raça mongolóide.
Este vulcão inativo é o monte mais alto do Japão e seu símbolo nacional mais famoso. Esta montanha, de 3.776 m, encontra-se ao sul de Honshu, perto de Tóquio, e é um lugar muito visitado por turistas e peregrinos. Nas encostas do monte Fuji, há numerosos templos e santuários.
As crônicas oficiais chinesas da dinastia Han contêm a primeira menção registrada ao Japão. Falam que, no ano 57 d.C., havia o estado de Nu en Wo, que era um dos numerosos estados que ocupavam o arquipélago japonês. As crônicas também mostram uma sociedade bastante desenvolvida com uma organização hierárquica, marcada por um comércio de intercâmbio.
No ano 200, a imperatriz Jingu assumiu o governo depois da morte do seu marido, o imperador Chuai (que reinou de 192 a 200). Há relatos de que a imperatriz equipou uma armada e invadiu e conquistou uma parte da Coréia. Embora haja poucas evidências históricas da existência de Jingu, crônicas coreanas do século V registram a ocorrência de uma grande expedição feita a partir de Wo, por volta de 391.
O período Kofun (c. 300-710 d.C.) foi uma etapa de unificação sob a casa imperial. O imperador Jimmu estendeu seus domínios até Yamato, que deu seu nome à casa imperial. O governo dos Yamato consolidou o seu poder com a criação de uma forma primitiva de xintoísmo, que também servia de instrumento político. Os caudilhos yamatos exerceram um controle indireto sobre várias tribos, conhecidas com o nome de uji, entre as quais as mais importantes foram a muraji e a omi. O governo do clã imperial era mais nominal do que real, embora sua principal divindade, a deusa do Sol, fosse venerada por todos.
No século VI, a corte de Yamato tinha perdido o poder, incapaz de impor-se diante das tribos uji e derrotada na Coréia. O budismo, que chegou ao arquipélago no ano 552, espalhou-se rapidamente pela população e, no começo do século VII, já tinha ganhado o status de religião oficial.
O período Asuka começou quando a imperatriz Suiko (que reinou de 593 a 628) subiu ao trono e construiu seu palácio no vale de Asuka. Seu sobrinho e regente, Shotoku Taishi, começou um programa reformista marcado pela perda do domínio coreano e os problemas internos. Em 604, estabeleceu a Constituição de Dezessete Artigos, que compreendia um conjunto de princípios simples para o bom governo seguindo o modelo centralista da China e estabelecendo as hierarquias na corte.
As reformas de Shotoku foram continuadas pelo imperador Tenchi Tenno e por Nakatomi Kamatari, fundador da família Fujiwara, que em 645 inaugurou as denominadas reformas Taika, que fortaleceram a casa imperial e debilitaram as tribos uji, cujas terras foram ocupadas e redistribuídas. O grande conselho, o Dajokan, dirigiu o reino através de governadores locais, seguindo o modelo chinês. Em 663, Tenchi realizou reformas mais centralistas e codificou essas novas medidas no denominado sistema ritsu-ryo, que impôs uma estrutura de propriedade estatal sobre o país.
No mandato do imperador Shomu (que reinou de 715 a 756) e sua consorte Fujiwara, o Japão conheceu um período de grande efervescência cultural. Foram estabelecidas amplas conexões com a dinastia Tang da China e o Japão se tornou o extremo oriental da Rota da Seda. Posteriormente, o sistema ritsu-ryo foi modificado em 743 e, para estimular a ampliação das terras produtivas, direitos de propriedade foram concedidos a qualquer pessoa interessada em explorá-las. Essa medida permitiu que as grandes famílias e templos assegurassem sua independência e poder.
No período Heian (794-1185), o Japão conheceu 350 anos de paz e prosperidade. No entanto, durante o século IX, os imperadores começaram a retirar-se do governo ativo, delegando os assuntos de governo aos seus subordinados. A retirada dos imperadores foi acompanhada pelo aumento do poder dos membros da família Fujiwara que, em 858, tornaram-se os amos virtuais do Japão e mantiveram seu poder durante os três séculos seguintes, monopolizando os altos cargos da corte e controlando a família imperial. Em 884, Fujiwara Mototsune passou a ser o primeiro ditador civil oficial (kampaku). O mais importante dos dirigentes Fujiwara foi Fujiwara Michinaga, que dominou a corte de 995 a 1028.
O caráter do governo mudou sob o controle dessa família, aumentando a centralização da administração e dividindo o país em grande estados nobiliários de caráter hereditário, livres de impostos ou unidos aos grandes templos budistas.
Em meados do século XI, os Fujiwara perderam o monopólio das consortes imperiais e os imperadores retirados se converteram no núcleo de um novo sistema de governo de claustro, pelo qual os imperadores abdicavam depois de fazer os votos budistas e se afastavam da administração em favor dos imperadores reinantes. Nesse meio tempo, surgiram nas províncias grupos locais de guerreiros, mais conhecidos como samurais, que protegiam os senhores de que eram servos, criando assim o embrião de um sistema feudal. Os guerreiros Taira ganharam fama e poder no sudoeste; os Minamoto, no leste. No século XII, os dois grandes clãs militares estenderam seu poder para a corte, iniciando uma luta pelo controle do Japão.
Em 1156, uma guerra civil (o Distúrbio Hogen) eclodiu entre os imperadores retirados e reinantes e as ramificações associadas à família Fujiwara, dando início aos clãs militares. Depois da segunda guerra com o denominado Distúrbio Heiji (1159-1160), os Taira assumiram o controle do Japão. Taira Kiyomori, ministro-chefe em 1167, monopolizou os cargos da corte com os membros da sua família; seu filho mais novo, Antoku, tornou-se imperador em 1180. No mesmo ano, um remanescente dos guerreiros Minamoto, Minamoto Yoritomo, construiu um quartel em Kamakura, no leste do Japão, e promoveu um levante que, depois de cinco anos de guerra civil, derrotou e expulsou os Taira. Yoritomo assumiu o controle do Japão, inaugurando uma ditadura militar que iria durar sete séculos.
A partir de então, o feudalismo se desenvolveu até se tornar mais forte que a administração imperial. Em 1192, Yoritomo criou o cargo de xogun, comandante-em-chefe com autoridade para atuar contra os inimigos do imperador. Yoritomo já era o virtual dirigente do Japão e titular do seu xogunato, detendo assim mais poder do que o imperador e a corte.
Em 1219, a família Hojo, mediante uma série de conspirações e assassinatos que eliminaram os herdeiros Minamoto, assumiu a direção militar do Japão. Nenhum Hojo tornou-se xogun; um dirigente Hojo governava como shikken (regente), com poder real.
As novas formas de budismo, especialmente as seitas País Puro e o zen, se estenderam e tornaram-se mais populares do que as seitas mais antigas.
Os Hojo mantiveram-no poder durante mais de 100 anos. Seus oficiais e administradores provinciais conseguiram o poder sobre as terras e se uniram para formar novos clãs militares, os daimio, que se converteram no maior desafio para a autoridade do xogunato. O imperador Daigo II Tenno liderou uma rebelião contra os Hojo com o apoio de Ashikaga Takauji, dirigente do clã Ashikaga. A revolução, denominada Restauração Kemmu, culminou em 1333 com a deserção dos principais vassalos do xogunato e a queda dos Hojo.
O templo Kinkaku-ji, em Kyoto, tem esse famoso pavilhão decorado com lâminas de ouro. Sua construção foi iniciada em 1394 por Yoshimitsu, terceiro Shogun Ashikaga. O Kinkaku-ji foi originalmente uma vila, mas com o passar do tempo tornou-se um templo budista zen. O pavilhão original foi destruído por um incêndio provocado em 1950 e a exata reprodução atual foi concluída em 1955. A sua arquitetura é característica dos templos zen. O budismo é uma das principais religiões do Japão e mais de 75% de sua população praticam alguma das suas seitas.
O Japão foi finalmente reunificado no século XVI, no período Azuchi-Momoyama, um curto período de grandes mudanças, que recebeu esse nome por causa dos castelos das suas duas principais figuras, Oda Nobunaga e Toyotomi Hideyoshi. Oda inaugurou o período controlando os outros daimio, além de acabar com o poder dos mosteiros e neutralizar o budismo como força política. O último xogun Ashikaga abdicou em 1588 e Hideyoshi assegurou seu governo mediante uma administração sistemática; no entanto, nunca estabeleceu o controle completo sobre os daimio. Outras influências culturais chegaram ao arquipélago pelas mãos dos comerciantes portugueses, os primeiros europeus que chegaram ao Japão, desembarcando numa ilha próxima de Kyushu em 1543. Entre outras coisas, os artesãos locais copiaram as armas de fogo trazidas pelos estrangeiros, com o que transformaram a arte militar nipônica e criaram um meio eficiente para controlar os senhores feudais. Um missionário jesuíta, Sao Francisco Xavier, levou o cristianismo ao Japão em 1549, mas o excesso de zelo dos pregadores que o seguiram contribuiu para que os xoguns proibissem no futuro a entrada de estrangeiros. Em 1600, Tokugawa Ieyasu tornou-se o dirigente do país.
Ieyasu se proclamou xogun em 1603 e estabeleceu sua capital em Edo (hoje Tóquio). Em 1615, Ieyasu promulgou novos códigos legais, que estabeleceram a organização feudal e proporcionaram ao Japão um período de 250 anos de paz. Esses códigos (o denominado sistema bakuhan) deram à família Tokugawa um grande poder sobre os feudos daimio (han) e seus administradores, bem como sobre o imperador e a sua corte. Os confiscos de terra fizeram da família Tokugawa a mais rica do Japão. As classes sociais foram estratificadas de forma rígida em quatro grupos: guerreiros, camponeses, artesãos e comerciantes. A forma de feudalismo estabelecida por Ieyasu e os sucessivos xoguns Tokugawa se manteve até o final do período feudal, em meados do século XIX.
Outra conseqüência da dominação Tokugawa foi o isolamento em relação ao Ocidente. Os europeus não puderam desembarcar no Japão depois de 1624 e, na década seguinte, foi decretada uma série de leis proibindo o comércio exterior.
Nos dois séculos que se seguiram, as formas de feudalismo se mantiveram estáticas. O bushido, o código dos guerreiros feudais, tornou-se o padrão de conduta para os grandes senhores e os samurais, que desempenhavam o papel de seguidores dos primeiros. O confucionismo passou a ser a nova ideologia do governo, o que provocou uma forte reação tradicionalista e uma defesa do nacionalismo pró-imperial.
No princípio do século XIX, as visitas de europeus, em sua maioria comerciantes e exploradores, tornaram-se cada vez mais freqüentes, embora oficialmente elas continuassem proibidas. Como resultado da "visita" do comodoro norte-americano Mathew C. Perry (no comando de uma ameaçadora frota de guerra), foram abertas negociações que levaram à assinatura, em 1858, de um acordo comercial com os Estados Unidos, ao qual se seguiram outros com várias potências ocidentais.
Os tratados deram consideráveis privilégios aos ocidentais, como foi o caso da extraterritorialidade e, com eles, diminuiu de maneira significativa o poder do xogunato. O último xogum, Tokugawa Yoshinobu, renunciou em 1867 enquanto os radicais pró-imperiais decidiram forçar a situação e, em 1868, conseguiram restaurar o poder do imperador.
Os exércitos dos feudos de Sasuna, Choshi e Tosa, que agora compunham as forças imperiais, dominaram os seguidores dos Tokugawa e pouco depois asseguraram a restauração Meiji. O jovem imperador, Mutsuhito, recuperou a posição de verdadeiro dirigente do governo e adotou o nome de Meiji Tenno (governo ilustrado) para designar seu reinado, embora vários dirigentes de Choshu e Satsuma monopolizassem os cargos ministeriais. Em 1871, um decreto imperial aboliu todos os feudos e em seu lugar foram criadas prefeituras administrativas centralizadas, das quais os antigos senhores eram os governadores. Paralelamente, foi criado um exército moderno, tomando como modelo os ocidentais.
A oligarquia Choshu-Satsuma impôs uma série de mudanças no sistema político sem, no entanto, atender às demandas políticas do povo. Os camponeses continuaram pagando a maioria dos pesados impostos estatais e as revoltas continuaram no século XIX. Tentou-se em seguida criar um regime constitucional capaz de fortalecer o país e melhorar sua situação geral. Foi criado um gabinete em 1885, do qual Ito Hirobumi era o primeiro-ministro. A nova Constituição, redigida por Ito e promulgada em 1889, estabelecia uma Dieta bicameral.
O Império também iniciou uma política externa expansiva. Em 1879, o Japão tinha tomado as ilhas Ryukyu, fazendo delas municípios da ilha de Okinawa. Os conflitos com a China na Coréia culminaram com a Guerra Sino-japonesa (1894-1895), na qual as forças nipônicas não tiveram muita dificuldade para derrotar os chineses. Segundo os termos do tratado de Shimonoseki, assinado em 1895, a China cedeu ao Japão as ilhas de Taiwan e dos Pescadores, além de uma grande indenização financeira.
Por causa dos seus interesses na Coréia, o Japão entrou em conflito com a Rússia, que começava a ampliar as suas fronteiras pelo nordeste da Ásia. Os dois países assinaram um tratado em 1898, que garantia a independência da Coréia, embora preservasse os interesses comerciais de ambas as potências. Em 1900, depois da revolta dos Boxers na China, a Rússia ocupou Dongbei Pingyuan e, a partir dessa base, invadiu a Coréia pelo norte do país.
Em 1904, depois de repetidas tentativas de negociação, o Japão rompeu as relações diplomáticas com a Rússia e atacou a possessão russa de Port Arthur (agora parte de Lüda), dando início à Guerra Russo-japonesa, que, em menos de 18 meses, veio a se tornar o segundo êxito militar do Japão. O tratado de paz foi assinado em Portsmouth (New Hampshire), em 1905; o Japão ficou com a península de Liaodong, o território de Guangdong e a metade sul da ilha de Sakalina. Além disso, a Rússia reconheceu a presença do Japão na Coréia, que em 1910 foi anexada ao Japão.
Em agosto de 1914, depois da eclosão da I Guerra Mundial, o Japão entrou na guerra do lado dos aliados. Em 1915, o Império apresentou as Vinte e Uma Demandas para a China, nas quais solicitava privilégios industriais, minerais e ferroviários. Essas reivindicações, algumas das quais foram rapidamente atendidas, foram a primeira declaração de uma política de dominação sobre a China e o Extremo Oriente. Em 1916, a China cedeu os direitos comerciais na Mongólia Interior e o sul da Manchúria ao Japão.
Duas mulheres passeiam ao longo da margem de um canal em Osaka, Japão. Esta cidade, ao sul de Honshu, é um grande porto marítimo e um importante centro financeiro e industrial. Por causa dos seus numerosos canais e rios, é chamada de Veneza japonesa.
Em 1926, Hirohito subiu ao trono. Quando o general Tanaka Giichi tornou-se o primeiro-ministro em 1927, voltaram as agressões contra a China.
As repercussões internacionais da ocupação da Manchúria levaram a Sociedade das Nações, atuando com a autoridade do Pacto Briand-Kellogg, a criar uma comissão para determinar se o Japão fazia jus à acusação de nação agressora e como tal merecia receber sanções comerciais; a resposta do Japão foi abandonar a organização, em 1935. Para consolidar sua presença na China, o Japão desembarcou tropas em Xangai. Incapaz de resistir à superioridade das forças nipônicas, a China assinou uma trégua em maio de 1933, na qual reconhecia as conquistas japonesas.
Na II Guerra Mundial, em 1940, o Japão criou uma aliança tripartite com a Alemanha e a Itália, o denominado Eixo Roma-Berlim-Tóquio. Foi derrotada e capitulou depois dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki.
Depois da rendição incondicional do Japão, coube aos Estados Unidos manter tropas de ocupação nas ilhas japonesas. O Japão foi despojado do seu Império. Com o fideicomisso das Nações Unidas, os Estados Unidos ocuparam todas as ilhas que tinham sido antigos mandatos japoneses no Pacífico.
Não houve resistência dos outros aliados à ocupação norte-americana das ilhas japonesas. Os objetivos da política de ocupação eram, basicamente, a democratização do governo japonês e o restabelecimento de uma economia industrial de tempo de paz que atendesse à demanda da população japonesa. O general MacArthur exerceu sua autoridade através do imperador e da estrutura de governo existente; em 1947, teve início um programa de reforma agrária, projetado com a finalidade de dar aos camponeses a oportunidade de adquirir a terra na qual trabalhavam, e foi criado um programa educativo seguindo modelos democráticos. As mulheres conseguiram o direito a voto nas primeiras eleições depois da guerra (em abril de 1946). Posteriormente, a Dieta definiu as bases de uma nova Constituição, fortemente inspirada pela democracia norte-americana e promulgada em 1947.
Segundo os termos do tratado, o Japão renunciou a todos os seus direitos sobre a Coréia, Taiwan, as ilhas Kurilas, Sakalina e as ilhas que eram antigos mandatos, abandonando também qualquer reivindicação sobre a China; reconheceu o direito de o Japão se defender e a negociar acordos de segurança coletivos e aceitou a validade das reparações de guerra, que pagaria em bens e serviços.
Ao mesmo tempo, os Estados Unidos e o Japão assinaram um acordo que estabelecia a permanência de bases militares norte-americanas em território nipônico para proteger o país desarmado de agressões externas ou distúrbios internos capazes de abalar a ordem social.
Em 1952, entrou em vigor o tratado de paz e o Japão recuperou a soberania sobre o seu território. Segundo os termos do tratado, as tropas norte-americanas permaneceriam no Japão como forças de segurança. Ao longo do ano de 1952, o governo japonês estabeleceu tratados de paz ou renovou as relações diplomáticas com Taiwan, Birmânia, a Índia e a Iugoslávia.
A economia japonesa começou a ocupar os primeiros postos na economia mundial na década de 1960. O primeiro-ministro Ikeda renunciou e foi sucedido por Sato Eisaku, também democrata liberal.
Embora o Partido Democrático Liberal tenha se mantido no poder ao longo de toda a década de 1970, foram muito freqüentes as mudanças de governo decorrentes do surgimento de facções dentro do partido. Em 1972, Tanaka Kakuei reatou as relações diplomáticas com a China e Taiwan.
Em 1982, Nakasone Yasuhiro foi eleito primeiro-ministro. Os democratas liberais, derrotados nas eleições parlamentares de 1983, conseguiram uma maioria avassaladora em 1986; para substituir Nakasone, elegeram Takeshita Noboru em 1987.
O imperador japonés Akihito ascendeu ao trono, em 1989, depois da morte de seu pai, Hirohito. Batizou seu reinado oficialmente com o nome de Heisei ("a Paz Conseguida") para estabelecer uma ruptura com o governo de seu pai, durante o qual foram realizadas trágicas ações militares. Seu matrimônio com uma plebéia, a imperatriz Michiko, representou a democratização da instituição imperial, uma necessidade do Japão moderno.
O imperador Hirohito faleceu em janeiro de 1989 e foi sucedido pelo filho Akihito, que inaugurou o denominado período Heisei, que logo se mostrou como uma época de reformas.
Nas eleições de 1993, os democratas liberais perderam a maioria e, depois de 38 anos no poder, foram afastados do governo. Hosokawa Morihiro, um antigo democrata liberal, foi eleito para liderar o governo, levando a cabo um programa de reforma eleitoral.
O dirigente do Partido Social Democrata Murayama Tomiichi foi eleito primeiro-ministro em 1994, tornando-se o primeiro dirigente de esquerda desde 1948. Em seu curto governo, teve que enfrentar uma vasta gama de problemas, do terremoto de Kobe, em 1995, que matou mais de 5.000 pessoas, ao surgimento público da seita Shinrikyo (Ensino da Verdade Suprema), que no mesmo ano cometeu atentados com o gás venenoso sarin, matando 12 pessoas e intoxicando centenas, passando por problemas com os militares das bases norte-americanas de Okinawa.
Murayama renunciou em 1996 e em seu lugar foi escolhido o liberal democrático Ryutaro Hashimoto. Seu governo ficou marcado por denúncias e escândalos de corrupção, uma retração do consumo interno e, o que é mais importante, o início de um problema quase desconhecido para os japoneses: o desemprego. Como corolário da instabilidade nas bolsas asiáticas em 1997, uma das maiores organizações financeiras do país faliu, deixando um "rombo" de 24 bilhões de dólares. Ao mesmo tempo, Hashimoto teve que enfrentar as pressões dos Estados Unidos para que abrisse às forças econômicas externas o ainda fechado mercado japonês. Recessão, uma palavra desconhecida para os japoneses do pós-guerra, começou a ser cada vez mais usada na imprensa local ao longo de 1998.
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Período de Taisho (1912 a 1926)
Aspecto Geral
Taisho foi o período cheio de problemas políticos e econômicos para o Japão.
Com o desenvolvimento do capitalismo nos principais países acidentais, deu-se a competição na busca de matérias primas e na conquista de mercados internacionais, para a colocação de seus produtos. Naquela ocasião, destacou-se a Alemanha que, embora tivesse alcançado o seu desenvolvimento industrial após as outras nações poderosas, avançou também na conquista de mercados, cujo dinamismo logo veio causar conflitos com a Inglaterra e a Rússia. Estas duas potências, perante aquela situação, procuraram convidar também a França para firmar um contrato de comércio e fazer frente à Alemanha. Também esta não perdeu tempo e se aliou com a Áustria e a Itália para resistir à pressão dos adversários. A rivalidade entre aqueles países veio motivar conflitos dos Bálcãs e, em 1914 fez explodir a Primeira Guerra Mundial. Como o Japão tinha, naquela ocasião, um contrato assinado com a Inglaterra, também foi obrigado a participar da guerra contra os germanos e seus aliados e, naquela manobra, conquistou as concessões orientais da Alemanha.
O Japão que vinha há muitos anos, criando choques com a China, acabou por fim, durante a Primeira Grande Guerra, impondo algumas condições ao seu vizinho para o explorar.
A Primeira Guerra Mundial
O século XX descortinou-se com as divergências dos países imperialistas. Essas divergências tornaram-se mais graves, com a formação de duas potências rivais: de um lado, a Inglaterra, a França e a Rússia, que se uniram por intermédio de um tratado comercial e, de outro, a Alemanha, a Áustria e a Itália, unidas mediante uma aliança.
Em breve, as potências se envolveram nos problemas do povo eslavo, aumentando a tensão política da Europa. Essas rivalidades terminaram levando o mundo a uma guerra catastrófica, em 1914, iniciada com o assassinato do príncipe austríaco.
Com o desenvolvimento do parque industrial, a produção apresentou, sem demora, um aumento inesperado. O progresso verificou-se principalmente nas indústrias têxteis, nas indústrias pesadas e na metalúrgica. Com base nessas indústrias e com o desenvolvimento da marinha mercante, expandiu-se também a da construção naval e a indústria automobilística. Evidentemente, esse progresso trouxe também maior exploração de energia elétrica.
O Japão, sob o pretexto da existência de uma aliança com a Inglaterra, entrou também na guerra a favor dos Aliados. Com isso, o Império nipônico ocupou a concessão germânica da China, Chin-Tao e, com sua força naval, tomou as ilhas Marshall e Carolinas, na Oceania, antes pertencentes à Alemanha. A esquadra japonesa chegou a avançar até o Oceano indico e o Mar Mediterrâneo. Desta forma, enquanto os europeus e americanos travavam lutas desesperadoras, o Japão conseguiu expandir-se na Ásia e Oceania.
A vitória sobre a China e a Rússia, nas batalhas do período de.Meiji demonstrou que o Japão havia se transformado num pais eminentemente imperialista. Esse desejo de expansão territorial era fruto de uma necessidade criada pelo sistema capitalista nipônico, que havia entrado na segunda fase do seu desenvolvimento: a do monopólio.
Após essa vitória, o plano político de expansão territorial ganhou impulso e entusiasmo, graças à iniciativa militar. Dessa maneira, a política exterior japonesa passou a ser mais agressiva e acabou por tomar um caráter todo especial.
O setor econômico do Japão estava, nos fins do período de Meiji e no mi cio da era Taisho, numa situação de estagnação e apresentava visíveis sintomas de declínio, principalmente em 1913, pois o país se achava em crise. Todavia, estourou a Primeira Guerra Mundial. Esta livrou o capitalismo nipônico de uma crise arrasadora. O Japão participou da guerra e, sem sofrer qualquer dano considerável, lucrou e equilibrou-se economicamente, consolidando a base do capitalismo que, até então, se achava instável. A procura de produtos japoneses pelos países que estavam participando diretamente da guerra era grande e trouxe progresso para as indústrias e incrementou a exportação.
Outro fator que impulsionou o desenvolvimento industrial foi que alguns produtos, de que o Japão necessitava e, que eram importados, como os produtos químico-industriais, passaram a ser fabricados lá mesmo, pois as nações fornecedoras estavam por demais preocupadas com a guerra.
Os "Motins do Arroz" e suas Conseqüências
A Primeira Guerra Mundial trouxe para a economia do Japão um progresso inédito e elevou o país ao plano internacional. Porém, terminada a guerra, nova crise veio ameaçar o capitalismo nipônico, embora este já estivesse bem consolidado.
Além do parque industrial, também a navegação mercantil foi diretamente atingida pela crise de 1918, porque não havia necessidade de transporte, pois os produtos industriais não mais eram procurados pelos outros países. Conseqüentemente, os produtos sofreram uma queda brusca nos preços e, ao mesmo tempo, a Bolsa de Valores ficou em situação difícil, O pânico sacudiu a nação que, até então, se deliciava com os lucros vultosos pro vindos da hostilidade européia. Mas, como por milagre, o pânico foi logo amenizado, graças às rotas de exportação abertas durante a guerra e à evolução do capitalismo, que soube encontrar uma saída para aquele impasse.
Os conhecidos “motins do arroz”, que marcaram época na história da manifestação popular do Japão, aconteceram durante essa crise, O incidente foi motivado pela alta brusca do preço do arroz, gênero alimentício de primeira necessidade para o povo japonês. Primeiramente, um grupo de donas de casa, familiares de humildes pescadores da província de Toyama, manifestou-se em motim contra aquela carestia imprevista e o desvio do produto para uma outra região. A noticia dessa rebelião foi logo espalhada e serviu de exemplo, pois criou uma revolta do povo em todo o território. A massa, delirante com a força da opinião pública, começou a atacar os armazéns e depósitos e a saquear o arroz, precioso alimento, que estava sendo colocado longe do alcance de muitos. Aquele conflito obrigou à mobilização do exército, que logo restabeleceu a ordem no pais, mas, o acontecimento foi fatal para o Gabinete de Terauchi, que foi obrigado a dissolvê-lo e a entregar a administração do país a outros.
Aquele incidente foi motivado por um simples protesto de um grupo de donas de casa, porém, acabou repercutindo como uma manifestação geral do povo. Tomou-se um acontecimento importante porque o caso veio estimular, com o reconhecimento da força da opinião pública, os movimentos de sindicatos de trabalhadores e, ao mesmo tempo, despertar o interesse geral pela crítica contra um governo incapaz de dirigir a nação e zelar pelo conforto do povo.
O Terremoto de Kanto e suas Conseqüências
Às 11,58 horas do dia 1.0 de setembro de 1923, um terremoto horrível sacudiu toda a região de Kanto. Esta catástrofe, além de ser uma das maiores já havidas no Japão, foi um acontecimento muitíssimo importante para o capitalismo nipônico.
O terremoto atingiu uma área muito vasta, abrangendo a cidade de Tokyo, e as províncias de Kanagawa, Chiba, Saitama, Shizuoka, Yamanashi e lbaragui, deixando muitas vitimas e danos, muitas casas foram completamente incendiadas, destruídas e carregadas pelas águas.Os prejuízos foram avaliados em 6 bilhões e 500 milhões de yens.
Em 1920, o Japão já havia entrado na segunda crise econôminomica, após a Primeira Guerra Mundial. Com o pânico econômico ocorrido em 1922, o capitalismo chegou à beira de um perigo fatal. Nesse ínterim, veio o terremoto que, por sua vez, acabou de arrasar com aquela situação econômica já decadente do pais. O desastre explodiu com o processo do capitalismo nacional, que se encontrava exatamente dentro da sua própria contradição. Para restabelecer as indústrias e o comércio danificados, o governo decretou uma lei de emergência e concedeu empréstimos para socorrê-los. No ano seguinte, o governo pediu empréstimos aos Estados Unidos e à Inglaterra, que os concederam, exigindo o pagamento de juros muito alto. Essas condições foram aceitas pelo Japão, mas afetaram sensivelmente o crédito financeiro do governo nipônico perante as outras nações.
O terremoto de Kanto causou também, internamente, muitas agitações sociais. Em meio a essa calamidade pública, espalharam-se boatos de que os coreanos residentes no Japão estavam se preparando para uma revolta geral. Este boato provinha do movimento político que estava acontecendo na Coréia. Contudo, isso causou a morte de muitos cidadãos coreanos, em vários locais do Japão. Também dentro daquela confusão, deu-se a perseguição de líderes trabalhistas e socialistas, muitos dos quais foram presos e alguns, fuzilados pela policia militar.
O terremoto trouxe o desemprego para muitos. Só em Tokyo contavam-se aproximadamente mais de 96 mil desempregados. Isso, evidentemente, criou a união dos operários e a formação de sindicatos de trabalhadores para a sua defesa mútua. Assim, começaram-se as lutas da classe operária contra a dos empregadores: os capitalistas. Enquanto isso se passava, a sociedade apresentava um aspecto estranho: uma atmosfera de decadência extrema envolvia o povo desesperado. A incerteza do dia de amanhã fez popularizar a dança e as canções de temas decadentes e sem vitalidade, O povo já havia perdido a esperança e, por isso, delirava em busca de prazeres momentâneos, procurando fugir da realidade cruel.
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Período de Edo (1615 a 1868)
Aspecto Geral
O período de Edo foi uma longa época que se estendeu durante quase 300 anos. Durante esse tempo, os Tokugawa dirigiram a nação, graças às bases implantadas por Ieyassu.
Tokugawa Ieyassu exterminou os Toyotomi e se apoderou definitivamente do poder. Estabeleceu seu governo em Edo (hoje cidade de Tokyo), e recebeu o titulo de “Shogun”, ou o “Generalíssimo”. Promulgou normas rigorosas para os vassalos e os lavradores: baniu o Cristianismo e todos os estudos que viessem a afetar a política de sua ditadura. Com essas intervenções, consolidou-se o regime feudal. E, anos mais tarde, para maior segurança, cerrou os portos do Japão, a fim de evitar incursões políticas e ideológicas de paises estrangeiros, excluindo-se a Holanda, que teve permissão para comerciar numa ilhota denominada Dejima.
A época marcante do período de Edo foi a de Guenroku. Com o comércio baseado na moeda corrente e com o incentivo dado à produtividade, o bem estar social dos burgueses da cidade havia alcançado um nível superior ao dos “samurais”, seus dirigentes. Isso, evidentemente, trouxe o desequilíbrio da sociedade feudal, pois era exatamente o contrário dos princípios básicos daquele regime. Muitas vezes esse desequilíbrio causava problemas políticos e econômicos ao governo que, em épocas diferentes, procurou instituir reformas, as quais não tiveram êxito.
Nos fins do período de Edo, o governo de Tokugawa já estava em decadência. Com a divulgação do estudo dos clássicos nipônicos e com a difusão dos conhecimentos sobre os assuntos estrangeiros, surgiram críticas contra o Feudalismo. Já naquela altura, os “samurais” que constituíam a classe parasitária, se encontravam em crise econômica, ao passo que a burguesia comercial ia progredindo, proporcionalmente à decadência daqueles. O empobrecimento econômico e moral levou os guerreiros a desforrarem sobre os lavradores, impondo-lhes tributos forçados e fora da norma para satisfazer sua sede de domínio. Com isso, a vida rural tornou-se impossível, aumentando cada vez mais a diferença entre ricos e pobres. Isto motivou novas rebeliões dos camponeses em todo o território japonês.
Enquanto o Japão se achava nesse fermento, os navios estrangeiros começaram a aparecer nas costas do pais: estavam eles à procura de novos mercados. Assim o Japão foi obrigado a despertar perante a realidade, pois não podia mais manter suas fronteiras fechadas. Em 1854, os Estados Unidos forçaram o governo de Tokugawa a abrir os portos, o que causou finalmente a queda do Feudalismo.
A Queda do Castelo de Osaka
Com a vitória de Seki-ga Hara, Tokugawa Ieyassu recebeu do imperador o titulo de Generalíssimo e estabeleceu seu governo em Edo.
Enquanto isso, Toyotomi Hideyori, o derrotado, procurava reunir seus aliados para reconquistar o poder. A noticia foi levada ao Generalíssimo que, imediatamente, enviou sua tropa para atacar o castelo de Osaka, centro do movimento. De início, porém, a tropa de Tokugawa nada conseguiu contra aquela fortaleza, que havia sido construída com toda a perfeição técnica. Então Ieyassu propôs a paz a Hideyori, com a condição de que se aterrassem os canais principais que circundavam o castelo os quais, justamente haviam impedido a entrada do seu exército. A proposta foi aceita. Os canais foram aterrados e, desta maneira, o castelo ficou completamente indefeso. Feito isso, o “Generalíssimo” quebrou a trégua e invadiu, com a maior facilidade, o castelo de Osaka, forçando Hideyori e sua família a se suicidarem.
Com a tomada do castelo e o extermínio dos Toyotomi, o poder passou definitivamente a Ieyassu e seus descendentes.
O Governo de Tokugawa
No Japão, a centralização do governo foi realizada por três grandes estadistas e guerreiros: Oda Nobunaga, Toyotomi Hideyoshi e Tokugawa Ieyassu. Porém, foi o último que se deliciou com o fruto de todo o sacrifício dos antecessores.
Tokugawa Ieyassu zelou muito pelo poder conquistado. Estudou e planejou cuidadosamente as normas do seu governo, procurando não repetir as falhas dos outros. Os governantes regionais, ou seja, os senhores feudais, foram classificados em três grupos: o primeiro, formado por seus parentes; o segundo, pelos vassalos originais e o terceiro, também por vassalos, porém os que vieram a se incorporar apos a vitória da batalha de Seki-ga Hara. Ieyassu distribuiu seus parentes e vassalos de confiança pelos pontos estratégicos da nação a fim de reduzir o perigo de rebeliões e conspirações. Procurou ligar à sua família os senhores que possuíam grande poder, mediante enlaces matrimoniais. Todos os territórios foram divididos com precaução, de maneira que ninguém pudesse ter oportunidade para se revoltar contra o governo central.
Na administração, impôs um rigoroso regulamento, cuja função era a de frear o crescimento econômico e militar dos governantes regionais, e impedir que estes viessem a possuir força superior à do Generalíssimo. Obrigou os senhores feudais a se apresentarem, com intervalo de um ano, no castelo de Edo, a fim de executar serviços governamentais. Obrigou-os também a deixarem alguns membros de sua família na capital, junto ao governo central como reféns para que os governantes regionais não viessem a tramar algo contra o poder de Tokugawa pois, caso isso acontecesse, os reféns sofreriam imediatamente as conseqüências. Os vassalos eram também obrigados a fazer investimentos em obras públicas, como pontes, canais, etc. Todas essas regras tiveram uma única finalidade: causar o desgaste econômico aos senhores regionais, porque a viagem, a estadia na capital e os contatos sociais lhes custavam muito caros, não lhes restando dinheiro suficiente para a manutenção de um bom exército.
Opressão Sobre os Lavradores
Naquela época, os guerreiros viviam sob um rigoroso regulamento e o Generalíssimo Tokugawa Iemitsu, neto de Ieyassu, resolveu criar um estatuto também para os lavradores. Estes constituíam os 70 a 80% da população. Portanto, impor uma disciplina a eles era necessário para o bom andamento da política.
Anteriormente, o governo de Toyotomi Hideyoshi havia desarmado toda a população rural e efetuado o levantamento geral das áreas de terras cultivadas, como também de sua produção. Graças a isso, tornou-se mais fácil a Tokugawa executar aquela operação. Entretanto, o novo regulamento era mais severo e os tributos, mais pesados. Os lavradores tinham que entregar, como imposto, 50% de sua produção. Foram forçados a diminuir seu consumo de arroz e, por conseguinte, obrigados a se alimentar com uma quantidade maior de trigo e milho miúdo, O uso de roupas luxuosas foi proibido, como também o consumo de chá e fumo.
Foi estabelecido também o sistema de grupos familiares. Cinco famílias formavam um grupo, que arcava com a responsabilidade coletiva de pagar o imposto. Caso uma das famílias não o pudesse fazer, a responsabilidade recaía também sobre as outras. Além dos tributos, aqueles grupos eram obrigados a prestar serviços gratuitos para o governo central e os senhores regionais, se fosse necessário.
Com essas medidas todas, a vida dos camponeses tomou-se mais miserável ainda.
A Proibição do Cristianismo
Oda Nobunaga concedeu grandes privilégios ao Cristianismo. Seu sucessor, Toyotomi Hideyoshi, também permitiu, de início, a sua propagação. Entretanto, quando Hideyoshi foi, com sua tropa, à conquista de Kyushu, soube que a Igreja Católica gozava de um privilégio concedido pelo senhor regional. A Igreja conseguira para o senhor regional um favor comercial e, em troca, recebeu o privilégio de arrecadar para si os impostos naquela área. Ocorreu na mente de Hideyoshi o receio de que o Cristianismo viesse a dominar, aos poucos, o território japonês com aquele processo. Todavia, como tinha interesse no intercâmbio com a Europa, procurou ignorar aquele fato.
Mas, em 1596, aconteceu um caso que veio despertar novamente em Hideyoshi o medo da conquista do Japão pelos estrangeiros. Um navio espanhol que vinha de Luzon, nas Filipinas e se dirigia à Nova Espanha (México), foi forçado a atracar, por causa de uma violenta tempestade, no porto japonês de Urado. Um oficial da cidade, em conversa com um tripulante do navio, soube que a Espanha usava o Cristianismo para conquistar novas colônias. Esta informação foi levada imediatamente a Hideyoshi, que logo comunicou aos Jesuítas a ordem para se retirarem do pais. Contudo, o Padre Pedro Batista e seus companheiros recusaram-se a obedecer àquela ordem. Em conseqüência disso, sete missionários e dezenove cristãos japoneses foram presos, condenados à morte e crucificados diante do público. Estes foram os primeiros mártires da história da perseguição cristã no Japão.
Em 1862, o Papa Pio IX santificou aqueles 26 mártires, canonizando-os em nome da Igreja Católica.
Tokugawa Ieyassu também temeu o Cristianismo. Porém, em virtude do seu interesse em comerciar com os europeus, não Impôs com tanta rigidez a lei anticristã. Entretanto, na realidade, esta doutrina religiosa estava completamente contra as bases da sociedade feudal, que se assentava na discriminação das classes sociais, enquanto o conceito cristão implantado pelos missionários era de que entre os homens não há nenhuma diferença. Evidentemente, isso poderia vir a criar problemas para o regime.
Por esta razão, em 1639, foi promulgada a lei de proibição do Cristianismo e, simultaneamente, todos os portos foram fechados, interrompendo-se assim, o intercâmbio com os países de religião crista, com exceção da Holanda, a quem foi permitido, com exclusividade, negociar com o Japão.
A Revolta de Shimabara e a Perseguição dos Cristãos
Como o Cristianismo era uma doutrina que se opunha ao princípio básico do governo feudal, todos os missionários católicos foram expulsos e os convertidos, perseguidos. Foi nessa ocasião que se deu em Shimabara à rebelião dos cristãos.
O acontecimento teve inicio quando os lavradores de Shimabara, em Kyushu, se revoltaram contra a tirania do senhor regional. Os cristãos, que estavam sendo perseguidos, juntaram-se aos camponeses e foram para a linha de frente. Há, porém, só sobre este ocorrido, duas versões nos documentos. Uma dela, escrita, por europeu, diz ter sido uma rebelião contra o jugo do senhor feudal de Shimabara, enquanto a segunda, narrada por um japonês, afirma que foi uma manifestação puramente cristã. De qualquer forma, é possível que ambos os fatores tenham sido a causa da revolta.
Shimabara era a região onde predominava a fé cristã. O senhor regional, recebendo a ordem do governo central, começou a perseguir cruelmente os cristãos que, em sua reação psicológica, tornaram-se fanáticos pela sua crença. Por outro lado, os lavradores também tinham motivos para se revoltarem, pois arcavam com pesados tributos, cuja arrecadação era efetuada de maneira impiedosa. Foi justamente naquela ocasião, que se espalhou à profecia de que um “Anjo” da Guarda estava para chegar, a fim de salvar o povo que sofria e trazer a glória aos cristãos.
Tomou-se tão forte e ardente essa crença, que os cristãos chegaram a apontar um menino prodígio chamado Amakussa Shiro, de 16 anos de idade, como o Anjo da Guarda que deveria surgir. Foi então que explodiu a rebelião dos lavradores, aos quais se aliaram os cristãos. A bandeira revolucionária, com o símbolo da cruz, foi hasteada contra o governo local; milhares de camponeses cristãos correram para se unirem aos pés da cruz; com sua base no castelo abandonado de Hara, os revolucionários começaram a ganhar terreno nas lutas e a obter poderes militares.
Vendo o perigo da revolta, que podia se alastrar pelo território inteiro, o governo central enviou um exército de 100 mil soldados. Para reconquistar o castelo de Hara, redutos dos revoltosos, foram necessários praticamente dois anos de violentas lutas. O líder Amakussa Shiro e os 10 mil cristãos, entre homens e mulheres, morreram em combate, ou crucificados.
Alertado por Esse fato, o governo central decidiu acabar radicalmente com o Cristianismo no Japão. Deu-se, então, uma nova perseguição. Para reconhecer quem era cristão, foi inventado um meio eficaz. Fizeram Eles placas de bronze ou madeira, com a imagem de Cristo ou Nossa Senhora e obrigaram todos os cidadãos a pisá-las. Naturalmente, os cristãos eram logo reconhecidos em vista de sua recusa em cometer o sacrilégio e eram levados para a prisão, onde eram forçados, mediante torturas cruéis, a renunciar à sua crença.
Inicialmente, aquele método teve êxito; logo, porém, os chefes dos cristãos deram ordem aos fiéis para que todos pisassem a “Santa Imagem” e fossem depois se ajoelhar e pedir perdão a Deus pelo ato. Acrescentaram Eles que o amor de Deus perdoaria aquele pecado, como se fosse um ato insignificante. E assim, as placas com a imagem santa foram perdendo o seu efeito, apesar de terem sido usadas durante quase duzentos anos, na perseguição aos cristãos japoneses.
A Decadência dos "Samurais"
Na época de Guenroku, governava o Generalíssimo Tokugawa Tsunayoshi, que era muito estudioso. Porém, sua preocupação para com a cultura foi ao extremo de perder ele todo o interesse pela política. Portanto, muitas faltas passaram a ser toleradas, sem a antiga severidade, o que logo mais veio criar problemas internos.
Naquele tempo, o nível de vida da cidade elevou-se consideravelmente e os samurais foram forçados a aderir ao sistema do luxo. Todavia, como os guerreiros eram simples consumidores e nada produziam, logo tiveram que se defrontar com o problema econômico que, aliás, foi causado também por outros motivos, que estavam inerentes ao seu próprio sistema administrativo. Os samurais, embora estivessem vivendo à custa dos lavradores, oprimiam Este grupo social, impedindo que eles elevassem seu nível de vida e, conseqüentemente, o desanimo destes veio causar baixa produtividade. Assim, a crise econômica levou os senhores feudais a pedir empréstimos aos ricos comerciantes. Este foi o inicio da desmoralização da classe dominante.
Na época Guenroku, os princípios fundamentais do governo eram os do Confucionismo, doutrina ética chinesa, que era levada muito a sério. Um exemplo disso foi a grande tragédia da época, ainda hoje celebrada pelo povo japonês. Trata-se do famoso caso da desforra dos 47 samurais, “shizushichi shi”. O incidente teve início com uma falta cometida durante uma recepção de Ano Novo, quando o humilhado Chefe do Cerimonial, Assano Naganori, tentou matar seu orientador, Kira Yoshinaka, no corredor do castelo de Edo. Kira, segundo dizem, era corrupto e como Assano não lhe oferecera nenhuma gorjeta, deixou de lhe dar também uma dentre as instruções mais importantes e necessárias àquela cerimônia. Embora o assassinato tivesse sido evitado pela intervenção de terceiros, Assano foi condenado à morte pelo “hara-kiri”, isto é, rasgando o próprio ventre com um punhal. Um ano após sua morte, 47 de seus vassalos, chefiados por Oishi Yoshio, mataram Kira para vingar o trágico desaparecimento do seu amo e defender a sua honra de samurai.
Decorrido mais um ano, os 47 vingadores foram punidos pela lei e todos praticaram também o hara-kiri. Porém, aquele acontecimento comoveu imensamente o povo, pois todos duvidavam da existência da lealdade entre os guerreiros.
Contudo, a decadência dos samurais era inevitável. A longa paz trazia desemprego para muitos deles, que tinham de viver em plena miséria, à custa de trabalhos manuais, como o fabrico de palitos, conserto de guarda-chuva, ou calçados. Outros que possuíam alguma cultura, davam aulas aos filhos dos comerciantes; os que tinham habilidade na arte militar, tomavam-se guarda-costas. Alguns chegavam até a vender as próprias espadas, que eram consideradas à honra, a alma de samurai, enquanto os mais exaltados tomavam-se bandidos.
A classe dos guerreiros era teoricamente a superior, porém na realidade, era a mais miserável.
A Reforma de Kyoho
Em fins da época Guenroku, os guerreiros, que vinham imitando os cidadãos, já não mais possuíam base econômica suficiente para se manterem. Tanto o governo central, como os regionais tinham grandes dividas a pagar aos comerciantes. Portanto, começaram a cunhar moedas de qualidade inferior, pois até essa ocasião era de ouro, prata e cobre de boa qualidade. Embora aquela fosse uma época de paz, o perigo de agitações ia se intensificando, devido à crise econômica, que era uma constante ameaça ao governo.
Foi nessa ocasião que o Generalíssimo Yoshimune fez a Reforma de Kyoho.
Primeiramente, Yoshimune diminuiu o salário dos samurais, obrigando a levar uma vida simples e modesta, e os mandou praticarem com esmero a arte militar, que vinha sendo esquecida, a fim de mantê-los sempre ocupados e não possuírem tempo para esbanjar o dinheiro. Procurou incentivar o desbravamento de novas terras e divulgar o plantio de batata-doce. Explorou minas para aumentar a produção de minérios. Mandou colocar caixas públicas, para que nelas fossem depositadas as opiniões e críticas do povo, sobre a administração governamental. Promulgou leis para o justo processo das questões legais.
Com essa reforma, criou-se um novo ambiente sócio-econômico, porém a vida dos samurais de baixa categoria e dos camponeses em nada ficou alterada. Com as calamitosas secas e inundações que se seguiram, os motins e os saques foram aumentando, assim fa zendo malograr a auspiciosa reforma de Kyoho.
A Cultura de Edo
Com a formação do governo de Tokugawa, a cidade de Edo também passou a ser um dos centros culturais mais importantes da nação.
Surgiram grupos de escritores que deram um belo colorido à literatura. Os principais foram Takizawa Bakin, Jippensha lkku e Shikitei Samba. No “haiku”, poesia de 17 sílabas, destacaram-se os famosos poetas Yossano Busson e Kobayashi Issa. Este tipo de poesia, principalmente, tornou-se popular por sua simplicidade. Divulgou-se também o “senryu” e o “kyoka”, poesias satíricas e humorísticas, que o povo usava para criticar o governo e zombar verbalmente dos dirigentes políticos.
No setor de artes figurativas, desenvolveu-se o “ukiyo-e”, a xilogravura em cores que representava cenas da vida quotidiana. Com a invenção do “hanga”, um sistema de reproduzir desenhos por meio de matrizes de madeira entalhada a mão, o “ukiyo-e” tornou-se popular, surgindo assim geniais artistas como Kitagawa Utamaro, Katsushoku Hokussai e Ando Hiroshigue. Contemporaneamente, em Kyoto e Osaka, destacaram-se os realistas Maruyama Okyo e Tano Chikuden.
Como acadêmicos aprofundados nos estudos dos clássicos japoneses, sobressaíram os famosos mestres como Motoori Norinaga, Kada-no Mazumaro e Hanawa Hokichi. No campo de estudos ligados a tudo o que ficara relacionado aos estrangeiros, estudos que somente eram permitidos através do idioma holandês, surgiram ilustres nomes como Maeno Ryotaku e Suguita Guempaku, que escreveram, em Japonês, o primeiro livro de anatomia.
A Reforma de Kansei
A calamidade de 1783 atingiu o Japão inteiro. A fome provocou saques e trouxe a instabilidade social. A nação estava em plena agitação, quando o governo nomeou Matsudaira Sadanobu para executar a reforma de Kansei.
Sadanobu era neto do Generalíssimo Yoshiniune, que havia executado a Reforma de Kyoho e tinha apenas 30 anos, quando assumiu o cargo de Primeiro Ministro. Procura acalmar o povo, procurou manter fixo o preço do arroz, e para estabilizar os preços dos gêneros, obrigou o povo a evitar desperdícios, impondo rigorosos regulamentos para todos. Obrigou os samurais a se dedicarem aos estudos e às artes militares. Procurou fixar os lavradores nas terras, para que a produção de artigos de primeira necessidade não viesse a sofrer mais. Para prevenir a fome, construiu depósitos nas zonas rurais e urbanas, impondo aos camponeses e aos cidadãos o depósito de cereais para os casos de emergência. Construiu também albergues, onde desempregados e vagabundos eram recolhidos a fim de orientá-los na reintegração social. As autoridades também tinham de se manter justas, e aqueles que violassem os códigos eram imediatamente punidos.
Todavia, também esta reforma não foi bem sucedida, pois a anarquia voltou, assim que Sadanobu se retirou do cargo. E este foi o segundo fracasso das reformas do governo de Tokugawa.
A Calamidade da Época Tempô e a Nova Reforma
Desde o fim do século XVI até os meados do século XIX, o Japão sofreu uma das maiores séries de crises de sua história.
Uma epidemia de varíola vitimou mais de 190.000 pessoas na cidade de Edo, seguindo-se após uma violenta inundação na região de Kanto.
Logo depois, deu-se a calamidade da época de Tenmei, que matou de fome mais de 100.000 pessoas. Os lavradores que não mais possuíam recursos começaram a se rebelar contra os impiedosos arrecadadores de impostos. No inicio do século XIX, a calamidade ainda continuava, quando uma epidemia de cólera alastrou-se pelo pais inteiro, acompanhada de terríveis terremotos.
Dois grandes incêndios queimaram quase dois terços da capital e, finalmente, chegou a maior calamidade de todas: a da época de Tempâ, durante a qual milhares e milhares de pessoas morreram de fome e doença, além dos que pereceram de morte violenta. Em 1836, quando a calamidade da época de Tempo estava no auge, o preço do arroz elevou-se de tal forma que somente as pessoas de muito dinheiro podiam adquiri-lo; os demais tinham que esperar a morte lenta pela fome. Surgiu, então, Oshio Heihachiro, um funcionário da Delegacia Central de Osaka, que planejou uma revolta para socorrer o povo faminto. Era ele profundo conhecedor dos estudos de Wang Yang-Ming, uma doutrina filosófica chinesa que dá muita importância à iniciativa do homem. Levado por estes princípios filosóficos, Heihachiro planejou assaltar os grandes depósitos de arroz, para distribui-lo aos pobres.
Comprou armamentos e quando tudo já estava preparado, alguém, entre os conspiradores, denunciou-o às autoridades de Osaka, frustrando-se o plano de socorrer o povo. Preso, Heihachiro suicidou-se dentro do cárcere.
Porém, este oficial foi o primeiro que quis fazer frente ao governo, mediante um levante militar. Suas idéias foram logo transmitidas ao povo que, após sua morte, iniciou saques e motins em toda parte, provocando uma crise que abalou o governo feudal.
Diante daquele perigo, o governo nomeou Mizuno Tadakuni para que providenciasse imediatamente a reforma de Tempo, com regulamentos mais rigorosos que os de Kyoho e Kansei, proibindo o desperdício em geral, e chegando a fixar normas até no regime alimentar do povo. Tadakuni proibiu o jogo de xadrez (shogui) e dos botões (go) nas calçadas; proibiu aos camponeses usarem pano para amarrar o cabelo, obrigando-os a fazer uso de cordões de palha para esse fim; proibiu aos lavradores abandonarem suas terras; proibiu a publicação de livros que viessem a criticar o governo. Como os regulamentos eram rigorosos demais, dois anos depois Tadakuni foi exonerado do cargo, e iniciou-se assim a desintegração do kegime feudal, no Japão.
O imperialismo e o Movimento Xenófobo
Nos fins do período de Edo, começou a vingar entre os estudiosos dos clássicos nipônicos a idéia da devoção ritual ao Imperador. O conceito dizia:
- “O Japão é a Terra dos Deuses”. Portanto, o povo devo devotar-se ao Imperador, que é descendente, em linhagem direta, da divindade.
- “É um engano o governo militar administrar o Japão. Este pais deve ser governado pelo Imperador, visto como é a Terra dos Deuses”.
Esta idéia foi crescendo, enquanto o governo de Tokugawa continuava experimentando suas reformas, sem nenhum resultado concreto. A vida do povo permanecia miserável e o governo já. Havia perdido todo o seu prestígio. Assim, enquanto de um lado, a decadência da administração de Tokugawa continuava, de outra parte, o espírito de restauração imperial foi se alastrando vivamente pelo território Japonês.
Além disso, o governo começou a ter problemas em suam relações exteriores. Na costa, surgiam navios estrangeiros, que procuravam forçar a abertura dos portos; em 1853, comandando uma poderosa força naval, chegou o emissário norteamencano Comodoro Matthew C. Perry, com uma proposta de negociações enviada pelo Presidente dos Estados Unidos, M. Fillmore, ao governo de Tokugawa. Esta proposta obrigou, naturalmente, os dirigentes políticos a tomar uma decisão, O assunto era importante, porque envolvia os destinos da nação e causou divergências de opiniões. Enquanto isso se passava, os lideres do movimento da Restauração Imperial, Sanjô Sanetomi, Hashimoto Sanai e Umeda Umppin propagavam suas doutrinas baseadas na opinião de que o Japão é a Terra dos Deuses e, portanto, deveria recusar qualquer contato com os estrangeiros, procurando fortalecer o país e elevar o Imperador como soberano efetivo da nação. Portanto, o movimento de maior influencia ensinava também o conceito de xenofobia, isto é, preconceito contra os estrangeiros.
Porém, um outro grupo seguia a opinião de que se deveria abrir os portos aos estrangeiros, embora formando um governo imperial. Quem liderou Este último grupo foi Yoshida Shoin, personagem de grande influência ideológica entre os jovens revolucionários e também uma figura trágica, pois foi preso e executado posteriormente, por ocasião da sinistra perseguição política da época de Ansei.
Os "Kuro-bune" (Navios Negros)
No fim do período de Edo, os navios estrangeiros começaram a aparecer nos mares do Japão, a fim de procurar novos mercados no comércio internacional. Como esses navios eram pintados de preto soltando também fumaça negra, foram chamados pelos japoneses de “kuro-bune”, ou navios negros.
Os navios russos e ingleses foram os primeiros a surgir nos mares do Japão, trazendo propostas de intercâmbio econômico; o governo de Tokugawa, porém, não quis aceitar nenhuma condição de comércio. Como naquela época a xenofobia era seguida pelos súditos japoneses, o governo mandou construir fortes com ordem de atacar os navios estrangeiros que se aproximassem das costas nacionais, e proibiu o povo de manter contato com os “nambanjin”, ou os bárbaros do sul, designação dada aos estrangeiros. Todavia, logo depois o governo teve informação sobre a Guerra do Ópio, travada na China pelos ingleses, e ficou receoso ao saber do poderio dos estrangeiros. Por conseguinte, deu-se uma reviravolta política quando o governo enviou outro comunicado retificando o primeiro, estabelecendo que, caso os navios estrangeiros aparecessem, as autoridades locais deveriam abastece-los de lenha, água e alimentos, sem porém permitir o desembarque, em terra japonesa, de algum tripulante ou passageiro. Estava claro que o Japão queria manter suas portas fechadas, sem porém contrariar os perigosos estrangeiros e evitando, assim, sofrer as humilhações impostas aos vizinhos chineses.
A Abertura dos Portos
Enquanto o Japão estava com suas fronteiras cerradas, o mundo ocidental tinha tido um grande impulso em seu progresso com a Revolução Gloriosa, na Inglaterra, a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa. Com o desenvolvimento do capitalismo, deu-se a revolução industrial, e a produção em grande escala obrigou os paises ocidentais a sair à procura de novos mercados internacionais.
A Inglaterra, os Estados Unidos, a Rússia Czarista e a França avançaram para o sul da Ásia. Principalmente a Inglaterra que possuí a força econômica e naval, superou as outras nações dominando grande parte do mercado asiático; conquistou a índia, e com a Guerra do ópio, em 1840, forçou a China a conceder portos para o comércio. Foi nesse ínterim que os ingleses avançaram até os mares do Japão, sem, porém tentar invadi-lo, porque estavam mais ocupados com sua expansão comercial na China.
Os Estados Unidos, após a Independência, passaram a disputar os mercados orientais com a Inglaterra. Com a descoberta de ouro no Estado da Califórnia em 1848, iniciou-se a exploração das vastas regiões do Pacífico, e com isso surgiu a idéia de atravessar o oceano para penetrar diretamente no mercado chinês. Para essa nova aventura, havia necessidade de portos intermediários para abastecimento, razão pela qual a escolha caiu, naturalmente, sobre o Japão. Assim, em 1851, o presidente norte-americano, Millard Fillmore, enviou o Comodoro Matthew Callibaith Perry ao Pais do Sol Nascente para levar urna proposta de negociações ao governo de Tokugawa. Este, temendo a força militar americana, viu-se obrigado a assinar o primeiro Tratado Nipo-americano e abrir os portos em 1854.
Para essa delicada missão, em meio a acirradas divergências políticas, Ii Naossuke foi nomeado Ministro Supremo. Foi ele quem decidiu a abertura dos portos e assinou, em 1858, o novo Tratado de Comércio Nipo-americano, na presença do Ministro Plenipotenciário Harris Towsend, além de aceitar as propostas de outros países interessados em comerciar com o Japão. Todas essas relações com as nações estrangeiras foram decididas por Naossuke, cuja atitude de ditador foi atacada e criticada por muitos senhores feudais e líderes políticos e ideológicos. Para manter a ordem no pais, perante as ameaças estrangeiras, Naossuke mandou punir os senhores feudais e prender os lideres agitadores, que se aproveitavam da ocasião para fazer movimentos contra o governo feudal de Tokugawa. Essa foi à conhecida perseguição política da época Ansei.
Desta forma, o Japão passou a participar também do comércio internacional, mas, como a produção era escassa, as importações superavam as exportações e, por conseguinte, houve um verdadeiro desvio de ouro e prata dos cofres da nação que acabou causando uma crise interna. Por esta razão, naturalmente, Ii Naossuke passou a ser odiado por todos, e em 1860 ele foi assassinado por um grupo de samurais, vassalos do senhor feudal punido na ocasião da perseguição política de Ansei. Este acontecimento acelerou a desintegração do governo de Tokugawa.
A Volta do Poder Imperia
O movimento de restauração imperial entrou em sua fase culminante, quando o Supremo Ministro Ii Naossuke assinou o tratado de comércio com os Estados Unidos, sem ter ele consultado, embora formalmente, a Corte Imperial, conforme as antigas tradições. Até essa época, muitos tinham criticado o governo de Tokugawa, mas ninguém pensara em derrubá-lo. Com a perseguição política de Ansei e o assassinato de Naossuke, porém, a desintegração do regime feudal se tornara fato inevitável.
Os movimentos xenófobos e o de restauração imperial tornaram-se tão ativos na região de Yamaguchi, que o governo central teve que enviar tropas para abafá-los. Paralelamente, aconteceram dois casos envolvendo os estrangeiros, que vieram criar problemas também ao governo central. No primeiro, os guerreiros de Kagoshima atacaram um grupo de ingleses, matando um e ferindo dois, por terem interrompido a fila do cortejo do senhor de Satsuma, em Namamugui, Kanagawa; no segundo, os guardas de Yamaguchi a tacaram um navio estrangeiro, que se aproximara daquela região. Estes dois casos vieram resultar em dois ataques estrangeiros contra o território nipônico. Por volta de 1863, os ingleses bombardearam Kagoshima, e no mesmo ano, uma armada aliada composta de tropas da Inglaterra, França, Holanda e Estados Unidos invadiu a província de Yamaguchi, no sul do Japão. Estes acontecimentos fizeram com que muitos lideres políticos e ideológicos mudassem de idéia acerca de xenofobia. Até então, os japoneses estavam pensando em expulsar primeiro os estrangeiros, para depois reformar a política nacional. Porém, aqueles choques com os estrangeiros, nos quais os japoneses foram derrotados, obrigaram-nos a acelerar a restauração política para depois fazer frente às potencias externas.
O primeiro passo para a restauração da política foi derrubar o governo feudal de Tokugawa. Iniciou-se então o movimento subversivo. Sakamoto Ryuma e Nakaoka Shintaro, lideres do movimento no feudo de Tossa (Kochi), procuraram se aliar com Saigo Takamori e Okubo Toshimichi, líderes antiTokugawa no feudo de Satsuma (Kagoshima), para tomar a iniciativa da luta contra o feudalismo. Enquanto isso, no feudo de Yamaguchi, o doutrinador da restauração imperial Takassugui Shinsaku assumiu o poder executivo daquela província e intensificou o movimento para a volta do poder imperial.
Na ocasião do ataque da armada aliada estrangeira contra a província de Yamaguchi, o governo central também havia enviado tropas para reprimir o movimento xenófobo daquele feudo. E novamente o governo de Edo viu-se obrigado a mandar um exército para acabar com o perigo da doutrina do imperialismo que ia se alastrando no país. Todavia, a tropa que foi atacar Yamaguchi saiu derrotada, frustrando o plano de conservar o governo do Generalíssimo. Aquele fracasso deixou em evidencia que os Tokugawa não mais possuíam forças militares para continuar dominando o Japão.
Já naquela altura, o movimento antiTokugawa havia entrado em efervescência. As tropas aliadas do sul, chefiadas por Saigo Takamori, Okubo Toshimichi e Kido Takayoshi, iniciaram sua marcha. Muitos vieram se juntar às tropas revolucionarias. Havia chegado o momento histórico mais importante da Terra das Cerejeiras. E, finalmente, em 1867, o senhor feudal de Tossa (Kôchi), Yamanouchi Toyoshigue, dirigiu-se ao Generalíssimo Tokugawa Yoshinobu e aconselhou-o que devolvesse o poder executivo ao Imperador, antes que surgisse uma guerra civil. Yoshinobu concordou, pois era evidente que nada mais podia conter aquela marcha da evolução política.
O poder da nação foi devolvido ao Imperador Meiji, e assim o governo militar que dominou o país durante 700 anos encerrou sua epopéia.
"Hara-kiri", o Suicídio de Honra
O “hara-kiri”, suicídio que consiste em rasgar o próprio ventre com um punhal, é amplamente conhecido como um estranho costume nipônico. Esta forma de suicídio foi habitualmente usada pelos samurais. Era o meio mais sádico e horrível mas, como atraía a atenção de todos, foi adotado a fim de exibir a morte estóica dos que o praticavam.
Segundo documentos antigos, o “hara-kiri” teve origem no período de Heian. Com o estabelecimento do governo militar, tornou-se uma das normas dentro da ética dos guerreiros. Assim, no período de Edo, os guerreiros de elevadas posses, caso fossem punidos, teriam forçosamente que praticar o “hara-kiri”, para defender sua honra e o nome, da família. Havia um regulamento para marcar a hora, o local, o traje, etc., quando tal execução era praticada.
Os guerreiros eram educados de maneira especial. O orgulho da família, da classe e o brio moral eram implantados desde a infância. Portanto, eles tinham que conhecer também as regras do “hara-kiri”, pois aquilo fazia parte da ética do samurai que, como combatente, devia saber enfrentar a morte com calma e serenidade.
O “hara-kiri” foi abolido no período de Meiji, apesar de ter sido praticado até mesmo na Segunda Guerra Mundial por muitos civis e militares, como uma espécie de volúpia sado-masoquista, que foi objeto de estudos psicológicos.
"Ninja", Espiões e Agitadores
Os “ninjas” são muito conhecidos através da literatura e dos filmes, porém muitas vezes considerados de maneira errônea, como se fossem mágicos ou super-homens. Entretanto, não deixaram de ser homens extraordinários.
Eles surgiram no período de Sengoku, época de guerras constantes. Eram elementos de pequenos grupos de samurais forasteiros, que não possuíam nenhuma bandeira; lutavam a favor de qualquer um em troca de víveres ou dinheiro. Eram muitos deles bandoleiros e viviam também de saques. Como o Japão inteiro se achava em estado de guerra, feudo contra feudo, muitos senhores feudais contratavam-nos para serviços de espionagem, sabotagens, agitações, ou para matar chefes adversários.
Cada grupo de ninja possuía seus truques especiais, que eram praticados mediante treinamento rigorosíssimo, cujas regras eram transmitidas secretamente de mestre para discípulo. Isso criou uma atmosfera misteriosa em torno dos ninjas, provocando muitos exageros acerca de sua arte e muitos personagens fictícios, como Sarutobi Sassuke, Kirigakure Saizo e outros, cujos nomes são transmitidos entre o povo nipônico, como se fossem homens que viveram dentro da história da nação.
A arte que os ninjas praticavam era chamada de “ninjutsu”, arte toda especial e difícil de ser praticada. Os truques principais constavam de como galgar as muralhas de castelos, abrir as portas sem ruído, aproximar-se dos adversários sem ser percebido, agilidade extraordinária nos movimentos, conseguir escapar de qualquer circunstância, não soltar gemido algum quando ferido, esconder-se perseverantemente nos tetos das casas, ou dentro da água, para esperar as oportunidades, etc. Faziam uso de cordas, pregos, roupas pretas, espadas especiais, pequenos dardos e muitos outros objetos, para a execução do trabalho. Muitos estilos de ninjutsu foram criados e, entre eles, os mais famosos eram o Iga e o Koga. Existem ainda, em nosso século, pessoas que praticam tal arte, porém não com a finalidade de agitação ou espionagem.
Origem do post:http://angelopapim.sites.uol.com.br/quadro_edo.htm#castelo_de_osaka
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Estratégia
Miyamoto Musashi foi um extraordinário guerreiro que sobreviveu a um dilema histórico na civilização japonesa para os guerreiros. Ele escreveu sua obra, "Go Rin No Sho", em 1643 e nela usou técnicas educativas e métodos de aprendizado para representar seu papel atual na adaptação da cultura a um novo período histórico no Japão. A peculiaridade no seu papel específico como guerreiro nessa fase da história japonesa, residia no fato de que para ele a guerra deixara de existir e só havia restado somente funções administrativas e policiais no Japão nesta época.
Nessas condições, o caminho do guerreiro como meio de auto-aperfeiçoamento tornar-se-ia uma ameaça à sociedade. Para guerreiros como Musashi, essa necessidade de aperfeiçoamento como guerreiro, tornou-se uma obsessão de abater-se em duelos, já que não havia mais guerras.
Essa luta solitária, constituiu um grande fator na formação do pensamento de Musashi e sua obra sobre o guerreiro, com atenção particular aos detalhes estratégicos e à abordagem sistemática.
No seu "Livro dos cinco anéis", Musashi ressalta a importância de discernimento perceptivo, não apenas no caminho do guerreiro, mas em todas as posições sociais para adquirir um compreensão objetiva dos mecanismos do senso de oportunidade e de sucesso.
Musashi tentou estabelecer uma base teórica e prática para completar a personalidade do guerreiro, sob a influência do zen-budismo e confucionismo. Na introdução do seu tratado sobre a estratégia e artes marciais, Musashi descreve um plano detalhado geral para evolução da mente do guerreiro como um todo:
Não pense desonestamente, pense no que é correto e verdadeiro.
Coloque a ciência em prática, o caminho está no treinamento.
Familiarize-se com todas as artes.
Familiarize-se com todos os ofícios, conheça o caminho de todas as profissões.
Perceba as qualidades positivas e negativas de tudo, distinguindo entre ganho e perda nas questões mundanas.
Desenvolva julgamento intuitivo e compreensão de todas as coisas, aprenda a ver tudo com cuidado.
Note aquelas coisas que não podem ser vistas, tomando consciência daquilo que não é obvio.
Preste atenção a tudo, mesmo aparentes baboseiras, sendo cuidadoso até mesmo nas pequenas questões.
Não faça nada que não tenha utilidade.
Dokudo - "O caminho da auto-confiança"
Em 12 de maio do ano de Soho (1645), Musashi recebia tratamento em sua residência no castelo de Chiba devido a uma enfermidade. Nesse período, ele escreveu e depois apresentou alguns artigos à amigos íntimos e seguidores. Esses artigos são conhecidos como dokudo ou dokkodo que significa "caminho da auto-disciplina".
No documento original existem 21 frases que Musashi escreveu à seus futuros seguidores, mas os artigos estavam endereçados diretamente para seu aluno Magonojo Terao.
1. Eu nunca ajo contrário à moralidade tradicional.
2. Eu não sou parcial com nada e nem com ninguém.
3. Eu nunca tento arrebatar um momento de sossego.
4. Eu penso humildemente de mim e grandemente para o público.
5. Sou inteiramente livre de ganância em toda minha vida.
6. Eu nunca lamento o que já fiz.
7. Eu nunca invejo a boa sorte dos outros, mesmo estando com má sorte.
8. Eu nunca aflijo-me por qualquer um, qualquer coisa ou qualquer tempo.
9. Eu nunca censuro ninguém, ou me censuro para alguém.
10. Eu nunca sonho em apaixonar-me por uma mulher.
11. Gostar e não gostar de algo, é um sentimento que não tenho.
12. Qualquer que seja a minha moradia, eu não tenho nenhuma objeção à ela.
13. Eu nunca desejo um alimento saboroso.
14. Eu nunca tenho objetos antigos ou curiosos em meu poder.
15. Eu nunca faço purificação ou abstinência para proteger-me do mal.
16. Eu não tenho apreço por nenhum objeto, exceto espadas e outras armas.
17. Eu nunca daria minha vida por uma causa injusta.
18. Eu nunca desejo possuir bens que tornem minha velhice confortável.
19. Eu adoro deuses e budas, mas nunca penso em depender deles.
20. Eu prefiro me matar do que desonrar meu bom nome.
21. Nunca, nem por um momento sequer, meu coração e minha alma desviaram-se do caminho da espada.
DOKKODO - Terao Magonojo - Genshin - Shoho (1645) Gogatsu 12 (12 de Maio) Shinmen Musashi
Niten Ichi Ryu
Geralmente os samurais seguravam a espada com as duas mãos, mas Musashi desenvolveu um estilo único de combate no qual segura-se duas espadas, uma curta e uma longa em cada mão. Seu estilo ficou conhecido como nito ichiryu (duas espadas, uma escola) ou niten ichiryu (dois céus, uma escola). Musashi dizia que o guerreiro não deve morrer sem antes ter usado suas armas. Entretanto, Musashi nunca usou as duas espadas em um duelo contra algum guerreiro habilidoso, somente usava as duas espadas quando enfrentava vários adversários ao mesmo tempo.
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